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Ataque a Marcelo partiu de Santana Lopes
07-10-2004 19:09
Miguel Marujo
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PDiário: Assessor do primeiro-ministro investigou se noutros países da UE havia comentadores com o mesmo tempo de antena e sem contraditório. Gomes da Silva assumiu despesas do ataque
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O ataque aos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa partiu do gabinete do primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, e não se trataram apenas de declarações «a título pessoal» de Rui Gomes da Silva, como reivindicava esta quarta-feira o ministro dos Assuntos Parlamentares, na Assembleia da República. A história circula em meios diplomáticos e foi relatada no «Bloguítica», um blogue de um professor universitário de Relações Internacionais na Universidade Lusíada, Paulo Gorjão.
De acordo com fontes diplomáticas, um funcionário diplomático do gabinete do primeiro-ministro andou a inquirir junto de quase todos os embaixadores portugueses nos Estados-membros da União Europeia se, nesses países, existiam programas de televisão em que um comentador político fazia análise à vida política interna sem ser sujeito ao «princípio do contraditório». Um "perfil" que cai que nem uma luva no espaço de comentário que Marcelo Rebelo de Sousa mantinha até aqui, aos domingos, no "Jornal Nacional" da TVI.
A informação compilada pelo adjunto do primeiro-ministro terá sido depois passada ao ministro dos Assuntos Parlamentares, que assumiu as despesas do ataque público. O PortugalDiário sabe que alguns dos telefonemas do assessor de São Bento foram feitos a 20 de Setembro.
Nas suas críticas públicas ao ex-líder do PSD, divulgadas na segunda-feira, Rui Gomes da Silva "repescava" este argumento: «Em toda a Europa, trata-se de um caso único. Não há em país algum uma pessoa a perorar 45 minutos sobre política sem ser sujeita ao contraditório e apenas a defender os seus interesses pessoais», justificou o membro do Governo.
Na quarta-feira, ao PortugalDiário, o ministro escusou-se a esclarecer porque não o preocupou a eventual falta do «princípio do contraditório» durante os quatro anos e meio em que Marcelo "ocupou" aquele tempo de antena na TVI.
O gabinete do primeiro-ministro, contactado pelo PortugalDiário, não respondeu em tempo útil.
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(Transcrição com a devida vénia do Portugal Diário)