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Trânsito: 46 por cento das mortes nas estradas ocorreram dentro das localidades
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No primeiro semestre deste ano 46 por cento das mortes nas estradas ocorreram dentro das localidades, uma situação que o secretário-geral da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) considera dramática.
No entender de José Manuel Trigoso, a grande preocupação dos excessos de velocidade está na condução que se pratica dentro das localidades, onde é preciso levar a uma "redução consistente".
O responsável falava à Lusa a propósito do seminário "A gestão da velocidade - dimensão técnica e psicossocial", que a PRP promove a 9 de Novembro, em Lisboa.
Pretende-se nesse dia, com especialistas portugueses e estrangeiros, "tentar perceber o que está na génese da prática do excesso de velocidade e qual a estratégia melhor para a controlar".
Com a PRP a apostar no próximo ano em campanhas sobre a velocidade, José Manuel Trigoso diz que é a velocidade praticada nas áreas urbanas a mais preocupante, sendo necessário "transformar as avenidas das cidades em ruas".
Por outras palavras, explicou, têm de ser refeitas as grandes vias que atravessam as localidades, colocando-lhes curvas, por exemplo, para impedir os excessos.
Depois, acrescentou, é necessário aumentar a pressão e as punições sobre os condutores portugueses relativamente à velocidade, "porque é menos preocupante as altas velocidades nas auto-estradas do que atravessar uma localidade a 70 quilómetros por hora".
Citando estudos, o responsável lembrou que um peão atropelado a 30 quilómetros por hora tem 25 por cento de possibilidades de sobreviver, sendo que se a velocidade for de 70 quilómetros essas possibilidades são nulas.
Nos 15 países que até este ano faziam parte da União Europeia, a média de mortos em acidentes dentro das localidades era de 31 por cento, com Portugal a ter uma média de 43 por cento.
Os automobilistas, explicou, não têm a noção do perigo dentro das localidades, simplesmente porque a condução dentro das localidades não é perigosa para eles.
Mas Paquete de Oliveira, sociólogo e um dos participantes no seminário de dia 09, tem outras explicações. Também à Lusa explicou que a velocidade é uma característica dominante dos tempos modernos, com as novas tecnologias a darem praticamente ao homem o dom da ubiquidade: estar em vários locais ao mesmo tempo.
O homem, disse, sempre teve o sonho da velocidade, patente até em obras como "A Volta ao Mundo em 80 dias", e através dos tempos foi imprimindo velocidade às máquinas que ia construindo, como os automóveis mas também os comboios ou os aviões.
É portanto, adiantou, "quase contra-natura tentar travar esses ímpetos". E "há contradições" quando os anúncios de automóveis referem grandes velocidades e depois as leis impõem um limite de 120 quilómetros.
Para Paquete de Oliveira, todo o ser humano não só gosta de andar depressa como tem essa necessidade.
Num estudo europeu (SARTRE 3) o excesso de velocidade é considerado o segundo factor de risco na condução rodoviária, após a condução sob o efeito de álcool.Situação considerada dramática pelo secretário-geral da Prevenção Rodoviária .
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(In Público)
NOTA: Para quando um trabalho sério e continuado sobre o Código da Estrada a
partir da escola primária ou até antes ??