Damos-lhe algumas dicas para manter a saúde nas férias, sem esquecer alguns conselhos quanto à Gripe A.
Não é novidade para ninguém que as férias fazem bem à saúde – pelo menos, aliviam o stress. Mas convém gozá-las em segurança, adoptando alguns cuidados. Que devem ser redobrados, claro, se viajar para o estrangeiro. Damos-lhe algumas dicas, para que tenha saúde nas férias – não esquecendo os conselhos quanto à Gripe A…
Cuidados básicos
Se gozar as suas férias longe de casa – quer seja em Portugal ou no estrangeiro – um pequeno kit de farmácia deve ser um companheiro indispensável de viagem. Claro que, se sofrer de alguma doença crónica, deve fazer-se acompanhar dos medicamentos de toma habitual, mas há outros produtos (que, normalmente, não necessitam de receita médica) que podem ser necessários. Assim, sugerimos que transporte consigo:
- Medicamentos para as náuseas e vómitos
- Um antidiarreico e um laxante
- Um antipirético e um analgésico
- Produtos de prevenção e tratamento das picadas de insectos
- Alguns artigos de primeiros socorros, como uma tesoura, adesivo, pensos, ligadura, gaze, água oxigenada
- Um termómetro
- Um creme calmante contra as irritações e as queimaduras solares
- E, claro, cremes de protecção solar
Tenha atenção ao facto de que alguns medicamentos que se tomam ou produtos que se aplicam na pele sofrem alterações quando nos expomos ao sol. Podem ocorrer reacções alérgicas, pelo que se deve informar junto do seu farmacêutico.
Ainda em relação ao astro-rei, nunca é de mais aconselhar medidas que já todos sabemos, mas que, por vezes, tardamos em adoptar. Assim, o Ministério da Saúde recomenda:
- Evitar a exposição solar entre as 11 e as 16 horas
- Proteger os bebés com menos de um ano de idade, que não devem ser expostos ao sol
- Usar sempre protector solar com um índice adequado à idade e ao tipo de pele de preferência superior a 30
Por outro lado, tenha especial atenção ao que come. «As intoxicações alimentares são uma situação frequente no Verão, pois «o calor pode favorecer a proliferação de microorganismos nos alimentos». Por isso, os conselhos do Ministério da Saúde (que se podem aplicar ao longo de toda a época, e não só durante as férias) vão no sentido de:
- Consumir preferencialmente alimentos frescos e cozinhados na hora, e no caso de haver dúvidas sobre a proveniência dos mesmos não os consumir
- Lavar bem os alimentos e não deixar fora do frigorífico aqueles que devem ser refrigerados
- Lavar bem as mãos antes e depois de manusear alimentos, e ter o mesmo cuidado com os utensílios utilizados na sua preparação
- Respeitar os prazos de validade dos produtos e acondicionar correctamente os alimentos
Claro que outros conselhos básicos de umas férias em segurança passam por evitar «refeições pesadas e a ingestão de bebidas alcoólicas», «aumentar a ingestão de líquidos (água ou sumos de fruta naturais, sem adição de açúcar)», bem como, «após uma refeição, aguardar três horas» antes de dar os apetecíveis mergulhos na praia ou na piscina… Sem esquecer que, além disso, se deve «respeitar as bandeiras das praias e as indicações dos nadadores-salvadores» – «opte sempre por frequentar praias devidamente vigiadas».
Vai para fora?
Sempre que pretende viajar para fora da Europa deve dirigir-se a uma consulta de saúde do viajante. Efectuadas por médicos especialistas em doenças infecciosas e em medicina tropicais, servem para aconselhar as medidas preventivas a adoptar antes, durante e depois da viagem, que incluem a «vacinação, medicação preventiva da malária, informação sobre higiene individual, cuidados a ter com a água e os alimentos que se ingerem, e outros aspectos para que deve estar alerta quando viaja», informa o portal do Ministério da Saúde.
Nessa consulta, «também lhe podem ser fornecidas informações sobre a assistência médica e segurança no país de destino e aconselhamento sobre a farmácia» que deve levar consigo. Por outro lado, serve para avaliar as «condições de saúde do viajante, nomeadamente grávidas, crianças, idosos, indivíduos com doenças crónicas sob medicação, entre outros».
A vacinação é um aspecto importante da consulta de saúde do viajante. O Regulamento Sanitário Internacional em vigor estipula que a única vacina que poderá ser exigida aos viajantes na travessia das fronteiras é a vacina contra a febre amarela, mas alguns países não autorizam a entrada no seu território sem o comprovativo de vacinação contra outras doenças (como a febre tifóide, ou a meningite meningocócica). Outras vacinas podem ser recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), dependendo do local para onde for.
Informe-se; há consultas de saúde do viajante e centros de vacinação internacional espalhados por todo o país .
Indo para fora da União Europeia, o mais provável é que a sua viagem se faça de avião. Ora, para reduzir o desconforto provocado por esse meio, aconselham-se algumas medidas:
- Ingerir bastantes líquidos e evitar bebidas alcoólicas (a pressurização e o sistema de renovação do ar deixam a humidade num nível muito baixo, o que pode fazer com que as pessoas fiquem com boca, nariz, olhos e garganta secos)
- Para prevenir dor ou o entupimento dos ouvidos – comuns durante a descolagem ou aterragem –, abrir e fechar a boca repetidamente durante essas alturas, ou bocejar ou mascar pastilha elástica
- Para prevenir náuseas e enjoos (para além de consultar previamente um médico, que lhe recomendará alguma medicação), deve-se, se possível, escolher um lugar no avião que fique antes da asa, bem como evitar ler, comer pouco, direccionar a ventilação do ar para a face
- Para prevenir o inchaço nas pernas (problema que pode ser mais intenso em pessoas com varizes ou insuficiência cardíaca), um dos recursos disponíveis é o uso de meias elásticas, bem como fazer alguns movimentos de compressão e relaxamento da musculatura e andar um pouco durante o voo.
Porém, mesmo adoptando estas e outras medidas preventivas, é possível que o jet lag - um estado de desequilíbrio entre o ritmo biológico do organismo e os indicadores externos ambientais que normalmente lhe servem de referência, causado pelas viagens de avião em direcção a leste ou a oeste - se instale no destino.
Os sintomas do jet lag mais comuns são sonolência, falta de atenção, irritabilidade e alterações do hábito intestinal, e são mais acentuados quando a diferença de horário entre o ponto de partida e o destino é superior a quatro horas.
No entanto, pode tentar evitar o jet lag, ainda antes do embarque. Calcule os horários nos quais deveria estar a almoçar e jantar no país de destino, e passe, na medida do possível, a tentar seguir essa rotina. Outra dica é tentar marcar a viagem de modo a que o desembarque se faça durante o dia, para poder começar a adaptação ao fotoperíodo (tempo ao qual o corpo fica exposto à luz natural) o mais rápido possível.
E, claro, atenção à Gripe A
O mundo está a viver uma pandemia de Gripe A (H1N1). Apesar de, até à data, a doença manifestar uma baixa virulência, e de a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Centro Europeu para Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) referirem que não há restrições oficiais relativamente às deslocações das pessoas entre países, a Direcção-Geral da Saúde deixa algumas recomendações para quem vai viajar.
O organismo aconselha, às pessoas que tenham doenças crónicas, que consultem o seu médico antes de viajar. Todos as outras – adultos e crianças – devem adoptar as seguintes medidas de prevenção, durante a viagem e estadia:
- Evitar o contacto com pessoas doentes
- Lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou toalhetes com solução de álcool
- Evitar tocar com as mãos nos olhos, nariz e boca
- Cobrir a boca e nariz quando espirrar ou tossir, usando lenço de papel, sempre que possível, e deitando-o no lixo de seguida
- Limpar as superfícies sujeitas a contacto manual (como maçanetas das portas e corrimãos), com um produto de limpeza comum
A Direcção-Geral da Saúde recomenda que, «se ficar doente, permaneça no hotel ou em casa e consulte o médico, se necessário», desaconselhando veementemente a auto-medicação. «Se apresentar sintomas de gripe (febre alta de início súbito e tosse, dor de garganta, dores musculares, dores de cabeça, dificuldade respiratória ou diarreia), dentro dos sete dias após o regresso, ou se tiver tido contacto próximo com pessoas apresentando sintomas de gripe, deve permanecer em casa, ligar para Linha Saúde 24: 808 24 24 24 e seguir as instruções que lhes forem dadas».
Boas férias!
Seguindo as recomendações que passámos em revista, bem como outras que poderão ser dadas na consulta de medicina do viajante – caso vá para um destino para fora da Europa, nomeadamente exótico –, certamente poderá gozar umas férias em segurança e com saúde.
E aproveite-as: liberte-se do stress, conviva muito, pratique as actividades de lazer de que mais gostar, e sairá revigorado(a) para… mais um ano de trabalho…!
Texto: Ana João Fernandes
Revisão científica: Dr. Rui Nogueira, vice-presidente da Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral (APMCG)